Essa verificação diz respeito à atividade de comprovar fatos e/ou dados dispostos em discursos políticos ou em notícias no jornalismo
Por Gabriela Barros
De acordo com o filósofo Aristóteles, o menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança. Seguindo essa ideia, a mentira pode tomar dimensões incontroláveis por se viver na era da informação. Para combater a profusão de notícias falsas, discursos imprecisos e desinformação, agências investem na verificação de declarações que circulam pelas redes e iludem descuidados.
O termo notícias falsas(ou fake news, no original em inglês) é contraditório. Usado em muitos cenários para difamar o jornalismo; esses conteúdos são simulações de notícias imprecisas; e o termo news, usado em inglês para denominar informações ou notícias, está diretamente ligado a veracidade dos fatos, não podendo em tese ser falso.
Porém, é notório o impacto negativo dessa categoria de desordem informacional na vida em sociedade. A propagação de mentiras não é uma novidade, mas com o desenvolvimento tecnológico há mais meios eficazes de realizar suas divulgações. Especialmente nas redes sociais.
O Facebook, por exemplo, alterou o algoritmo para priorizar publicações de amigos e afinidades, dificultando o acesso a informações plurais – fortaleceu um campo cujo objetivo é disseminar desinformação, muitas vezes com viés político. E toda vez que se compartilha notícia falsa sem desconfiar, dispara-se um gatilho cujas consequências são difíceis de reverter.
O desafio das eleições
As eleições historicamente são um período difícil, marcado por distorções informacionais feitas por líderes públicos em prol de seus interesses ideológicos, os quais em sua maioria não dialogam com as necessidades da população. Comumente, o eleitor desconhece nomes centrais, como o do vice-presidente, senadores e governadores. Muitas vezes, nem se lembra em quem votou para determinado cargo e não consome jornais que apresentam posições políticas contrárias às suas.
Tal perspectiva, formada pela soma entre desinteresse na política e uma dieta escassa de informação jornalística, é um terreno fértil para a disseminação massiva de mentiras e narrativas falaciosas. Essas postagens lidas ou não de forma crítica são compartilhadas fervorosamente. Uma vez que, os usuários estão muito próximos desses textos, pois eles reafirmam seus pensamentos, trazem títulos e linguagem persuasiva, com dados distorcidos e chocantes.
(Eleições nos Estados Unidos estão prestes a acontecer. Trump busca a reeleição)
A partir da eleição do Donald Trump, o assunto ganhou visibilidade e tem surgido muitas iniciativas para combater a desinformação, tanto por parte dos veículos de imprensa quanto pelos canais que acabam sendo utilizados para divulgar essas notícias, como Facebook e Twitter. O problema é que a verificação desses dados, sua contradição, não tem a mesma força de engajamento.
O principal papel do jornalismo nessa situação é tentar identificar o problema. Entretanto o fluxo de dados é tão amplo que os profissionais correm o risco de não dar conta de tudo de uma vez. Mas checar a informação de maneira mais transparente possível, oferecendo links, mostrando provas, entrando em contato com os responsáveis.
A checagem de dados é o processo de verificar informações divulgadas por meio de discursos, documentos, relatórios ou imagens. Ou seja, verificar declarações de pessoas públicas oficiais ou que foram ao ar ou publicadas por veículos; consulta bancos de dados e especialistas; divulgar conclusão com uma classificação de veracidade.
As informações são confrontadas com dados públicos, estudos científicos, documentos oficiais. Após a verificação, a declaração recebe uma classificação, um selo de verdadeiro ou falso. A fonte é ouvida para contraponto e a constatação é publicada com links para que o leitor possa conferir a checagem.
A verificação de dados de certa forma representa o renascimento do jornalismo. Com o boom das redes sociais essa profissão desvalorizou-se, muitas pessoas achavam desnecessário acompanhar sites especializados, já que podem informar-se por posts de amigos e colegas nas mídias sociais. Os jornais objetivam fornecer informação clara, precisa e verídica. E esse processo de apuração contribui muito para a realização dessa tarefa.
Há ademais outros obstáculos na realização dessa tarefa. Como o enxugamento das redações, que sobrecarrega os repórteres, os quais nem sempre conseguem checar todas as informações de uma matéria – afinal, os jornais ainda são uma ferramenta poderosa e de credibilidade para as pessoas.
Como identificar fake News?
Se lhe causou uma reação emocional muito intensa. Pois, essas notícias são produzidas objetivando o espanto, repulsa ou afeto.
Se simplesmente confirmar alguma ideia pré existente. Nada pode ser considerado verdade pelo simples fato de nos agradar. Uma vez que, o consumo exclusivo de conteúdos do nosso interesse não desenvolve nosso senso crítico para realidades diferentes da nossa.
Se for verdadeira deve exibir fontes, links com informações relacionadas, citação de documentos oficiais, dentre outras coisas que comprovem a apuração dos fatos.
Notícias jamais podem ser feitas no calor do momento. Se for curta demais, com pouco detalhamento e linguagem persuasiva, é provável que seja incerta. Boas reportagens demandam tempo e profissionais qualificados.
Veja se há no texto algum veículo de imprensa. Pois, assim ela estará no site oficial da empresa e terá mais validação.
Se for corrente de Whatsapp não compartilhe.
Leia a notícia inteira, não apenas o título. Na dúvida pesquise na internet, a fim de comprovar se o que foi escrito apoia-se em acontecimentos verificáveis.
Principais sites especializados em checagem
Comments