Transtornos causados pelo uso excessivo de telas

Você provavelmente já percebeu que passou mais tempo do que deveria com o olhar fixo no celular ou na tela do computador. O cenário atual colabora para que estejamos mais presentes no âmbito virtual. Mas quais são os riscos que corremos ao passar muito tempo em frente às telas?

O uso constante do celular pode trazer danos à saúde. Imagem: FreePik

Cenário de pandemia. Faculdades e escolas investindo no ensino à distância, lives, mídias sociais com um conteúdo atrativo e infindável, conteúdo online por streaming, reuniões por vídeo chamada e compras online. É possível fazer quase tudo com um celular ou um notebook a sua disposição. Até mesmo passar o dia com esses utensílios tecnológicos atuando como extensão do nosso corpo.

Uma pesquisa realizada em agosto deste ano pela Kantar Ibope Media mensurou o aumento do uso das tecnologias no contexto da pandemia do coronavírus no Brasil. De acordo com os resultados, cerca de 56% dos brasileiros acreditam que a crise os ajudou a adotar melhor a tecnologia no dia a dia.

As transmissões ao vivo também expressaram números altos. Cerca de 75% dos usuários de internet responderam que começaram a assistir a lives de shows musicais a partir do início da quarentena. Ou seja, mais tempo em frente às telas.

Os transtornos

Até o instante em que falamos sobre praticidade, acessibilidade e pontos positivos, estar online não parece nocivo. Mas você já parou para pensar quanto tempo passamos com os olhos fixos em telas durante o dia? O livro “Vivendo esse Mundo Digital: Impactos na Saúde, na Educação e nos Comportamentos Sociais” conta com estudos e pesquisas que foram compilados por Cristiano Nabuco de Abreu, Evelyn Eisenstein e Susana Graciela Bruno Estefenon. Uma das explanações foi sobre a alteração de humor desencadeada pela nomofobia: o medo irracional de estar sem celular, bateria, wifi ou aparelhos eletrônicos no geral.

Alterações de Humor

Estudos comprovam o aumento da secreção de dopamina, a substância química neurotransmissora responsável pelo prazer, durante o uso do smartphone/games pelos indivíduos. E quando essas pessoas, por algum motivo, não podem usar os aparelhos, apresentam desvios comportamentais agressivos. Estes são alguns dos sintomas da nomofobia. O quadro abaixo foi foi retirado do livro Vivendo em um mundo digital de 2013. Perceba o que a falta do smartphone (consequência do uso constante) pode trazer:

Fonte: Vivendo em um Mundo Digital, 2013.

Consequências negativas para a visão A luz azul inibe consideravelmente a produção de um hormônio chamado melatonina, que é o responsável por ditar o ritmo do “relógio biológico” de cada pessoa, segundo uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Harvard. A recomendação é evitar o uso de dispositivos que emitem luz azul pelo menos três horas antes de dormir.

A luz azul emitida pelas telas é uma ameaça à visão. Imagem: FreePik

Consequências para a atenção

“Durante a quarentena, o uso do meu celular aumentou muito. Sei porque toda semana recebo o relatório que o dispositivo gera. Mas o que mais me chamou atenção foi o fato de eu estar mais disperso. As coisas acontecem sem eu perceber, ou quando percebo há uma demora. Há uma preocupação constante em conferir notificações e manter-se online”, conta o médico Marcus André Gomes. Além de causar esse tipo de efeito, há estudos que tratam especificamente da relação entre atraso no desenvolvimento infantil e uso de telas. Um artigo publicado no Archives of Disease in Childhood cita o déficit de atenção como uma das consequências.

Indicações

Audiobook

Capa do audiobook “Para Amélia, com amor”.

A psicóloga Heloisa Bernardelli, graduada pela UniFio (Ourinhos - SP), retratou no audiobook “Para Amélia, com amor”, a história de uma personagem que dedicava muito tempo ao trabalho, telas, planejamentos e desenvolveu a síndrome de Burnout - que trata-se de um desgaste capaz de prejudicar os aspectos físicos e emocionais do indivíduo, acarretando um esgotamento profissional. Confira a sinopse:

Amélia é daquelas pessoas que se dedicam de corpo e alma ao trabalho. Quando se vê obrigada a tirar férias por causa de uma crise de síndrome de Burnout, resolve passar um tempo no sítio das mães, no interior de Minas Gerais. Lá, onde as noites passam tão devagar, ela acaba dando uma chance à literatura e a uma personagem que também se chama Amélia. A paixão pela prosa do escritor Dan Andrade a faz recuperar o livro de estreia do autor, um exemplar intocado depois de sete anos e cuja dedicatória lhe reserva uma surpresa. A viagem de descanso se transformará em uma jornada de redescoberta de si e em belos reencontros.

A autora conta que há uma identificação da personagem com muitas pessoas que vivenciam essa realidade estressante e cansativa. “Amélia tem muito de um monte de gente que eu conheço, e a princípio a inspiração para a condição dela foi essa — uma personagem enfiada em um dia-a-dia tão vertiginoso que já deixa as escolhas e decisões e rotas pré definidas, e nunca para pra respirar, pra pensar, se reorganizar. Acho que muitos de nós, com essa cultura da produção, esse medo de falhar e sermos insuficientes no que fazemos, acabamos nos encaminhando ‘pra’ essa rotina, e ela vai se tornando tão automática que deixamos de sentir incômodo por isso. Mesmo quando nosso corpo e mente começam a se inquietar, pedir um ritmo mais tranquilo, uma pausinha, na correria, deixamos pra ouvir depois, e depois, e depois.Essa é Amélia, inspirada em muitas Amélias que estão por aí.”, conta a autora e psicóloga.

Aplicativos que limitam o tempo de uso Os dispositivos iOS (Apple), oferecem um controle de tempo configurado pelo próprio usuário. Quando o limite estabelecido é ultrapassado, uma notificação surge na tela perguntando se você deseja continuar usando o aplicativo. Parece funcionar, mas na prática, pode parecer mais simples selecionar a opção de continuar usando o celular. Para tornar o processo mais lúdico, há aplicativos como o Flipd, Forest, Moment e Siempo que te ajudam a ter um melhor controle desse tempo com sistemas de recompensas.

Há vídeos no Youtube que podem te auxiliar a pensar mais sobre o uso excessivo das telas no cotidiano.