Os golpes financeiros não se limitam mais apenas às famosas práticas com cheques falsos ou sem fundo, clonagem de cartão e etc. As coisas mudaram e os criminosos passaram a operar também nas redes sociais, que têm se configurado como um ambiente favorável para a aplicação de golpes. Primeiramente, é importante ressaltar que cada golpe financeiro virtual tem a sua peculiaridade, exigindo-se, assim, distintos modos de operar para o êxito dos criminosos.
Você certamente já deve ter escutado algo relacionado a perfis falsos, nos quais os criminosos utilizam imagens de outras pessoas para efetuar contato com a vítima, mas, também vale citar aqueles em que o golpista sequer precisa usar a foto de outra pessoa, efetuando a fraude com a sua imagem ou nenhuma no perfil da rede social.
Dentre os vários golpes financeiros aplicados nas redes sociais, neste texto trataremos de um em específico, chamado “catfishing (junção livre das palavras em inglês, que correspondem no português a peixe e gato) ou scam romance (romance de golpe)”, no Instagram. Uma pesquisa feita pela agência de segurança Psafe, com masis de 10.000 brasileiras, apontou que 34,38% delas já tiveram um relacionamento com outras pessoas pela internet, e desse total, 24,59% das mulheres foram vítimas de perfis falsos. No caso do Catfishing, o criminoso tem como ponto de partida a criação de um perfil falso, com fotos de outras pessoas, geralmente de alguém com um padrão de beleza visto como “ideal” na sociedade contemporânea, para daí em diante, pedir quantias crescentes de dinheiro.
A partir disso, por estarmos falando das plataformas de redes sociais, outra questão merece ser elencada, a do culto àquilo que é considerado como perfeito. Isto é, no Instagram as pessoas estão sempre postando fotos, as quais, em sua maioria, seguem um padrão de beleza, que, por sua vez, obedece aquilo que tanto a pequena, quanto a grande mídia pregam, como o melhor (PRADO, Ana Carolina Moreira Rocha, 2018). Nessa conjuntura, os criminosos veem uma fresta para ativar uma espécie de gatilho nessas vítimas, as quais estão frágeis, carentes e suscetíveis a não analisar os detalhes que diferenciam uma relação virtual sincera, de uma enganação.
Como já dito anteriormente, para que o êxito no Catfishing seja consolidado, o viés emocional das vítimas é um ponto super importante. Logo, os criminosos criam uma persona naquele perfil, ou seja, tudo aquilo que alguém vulnerável emocionalmente poderia querer, como compreensão, carinho e juras amorosas, demonstrando-se como o pretendente certo para ela. O psicanalista e sexólogo Gustavo Rosa, colaborador da Plataforma Sexo sem Dúvida, explica que o catfish (ou seja, quem está aplicando o golpe) geralmente é muito receptivo. “Essa pessoa quer agradar, sabe o que falar para isso e monta um cenário inteiro para que a vítima caia. É uma armadilha”, descreve. O criminoso promete muitas coisas, até começarem os famigerados pedidos de quantias crescentes de dinheiro para a vítima, muitas das vezes com histórias de cunho emotivo, como a doença de um parente, dinheiro preso na conta, dentre outras desculpas. Portanto, fique esperto!
Um caso recente veio à tona, no qual um famoso foi enganado durante anos por uma mulher que se passava por uma modelo brasileira. O jogador italiano de vôlei Roberto Cazzaniga durante 15 anos acreditou namorar a modelo Alessandra Ambrósio. Valeria Satta, golpista de 50 anos, mora na Sardenha, Mar mediterrâneo. A mulher, alegando problemas cardíacos, fez com que Roberto pedisse diversos empréstimos, o que o fez contrair uma dívida de 700 mil euros (R$ 4,3 milhões). O exemplo serve para ilustrar que não apenas os anônimos estão expostos a esse tipo de situação, tampouco somente as mulheres. Então, se cuide e observe com quem você se relaciona na internet.
Como identificar?
Fique atento aos sinais e dicas a seguir, segundo a especialista em relacionamentos e prevenção da violênica, Collete Gee, para evitar cair nesse golpe.
1- Atividade e seguidores
Desconfie de perfis com pouca atividade, busque quem os segue, procure mais informações com esses outros seguidores, pergunte se já tiveram contato com a pessoa em questão;
2- Origem da foto
Quanto a foto, uma maneira bem simples de saber sobre a origem de determinada foto é jogá-la na buscador do Google imagens. Feito isso, você saberá se aquela foto foi tirada da internet, como por exemplo de alguma campanha publicitária e afins ou pertence ao acervo pessoal do indivíduo e condiz com a sua identidade. 3- Não quer mostrar o rosto Além disso, preste atenção quanto aos motivos que aquele que está do outro lado da tela alega para não ativar a sua câmera. Isso pode ser um indício de que ele não é quem diz ser
. 4- Os pedidos de dinheiro
Por mais que o motivo alegado seja muito convincente, desconfie quando ele pedir dinheiro. É a partir do viés da comoção que um catfish age.
5- Ambiente da chamada por vídeo
Mesmo quando houver esse contato através de uma webcam, preste atenção ao ambiente, se ele coloca ao fundo uma tela verde ou até mesmo o embaça, de modo que você não veja nada. 6- Encontros Quando for marcar um encontro com o indivíduo, marque, impreterivelmente, em local público, com outras pessoas. Ou seja, nada de locais distantes ou com pouca movimentação de pessoas. Fique atento!
Cultura e Linguagem das Mídias e Comunicação, Cidadania e Direitos Humanos - Produção 2
Pauta: Texto informativo para o site do Midiando acerca do golpe financeiro Catfishing no Instagram.
Equipe: Íkero Antunes, Lucas Vieira, Murizete Cavalcante e Ryan André.
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